Se de repente perto fosse um verbo

Maria Isabel Fidalgo

Se de repente perto fosse um verbo

Se de repente perto fosse um verbo,
pedia-te que me pertasses
porque apertar é uma palavra pesada
e pertar é mais perto e mais curto o trajeto.
Perta-me e faz-me de febre
nas asas da tua embarcação
para que a viagem seja sal e suor
no corpo deslumbrado.
Não me dês braços, mas asas
que sobrevoem os anos
e gorjeiem nos ramos que ficaram pelo caminho gélidos como a carne da cal de inverno
que se rendeu ao sono polar.
Se perto fosse um nome, que fosse casa
onde o sol nos acordasse depois das mãos
ou depois da chuva, se fosse perto a água
e distante o exílio que matou o lume
da coluna de fogo onde eu quis arder.

Não esqueças o meu nome
Poética Edições, 2022, p. 55.

BIO

Natural de Barcelos e residente en Braga, Maria Isabel Fidalgo é licenciada en Lingua e Literatura Modernas. Apaixonada pola súa profesión, o ensino, e pola danza, é autora das obras Antes De Mim Um Verso, À Roda da Saia, Sou Viagem e Não Esqueças o Meu Nome; neste último poemario, figura a elixida como Mellor Poesía do Ano en Portugal. Na súa obra conviven, entre outros moitos, temas como o amor ou a paixón e adoita falarlle a unha segunda persoa do singular que, en ocasións, parece ser a propia persoa lectora.

Desprazamento
Bottom Reached
GL