Se algunha cousa queren comigo

Lorena Conde

Se algunha cousa queren comigo

Se de repente perto fosse um verbo,
pedia-te que me pertasses
porque apertar é uma palavra pesada
e pertar é mais perto e mais curto o trajeto.
Perta-me e faz-me de febre
nas asas da tua embarcação
para que a viagem seja sal e suor
no corpo deslumbrado.
Não me dês braços, mas asas
que sobrevoem os anos
e gorjeiem nos ramos que ficaram pelo caminho gélidos como a carne da cal de inverno
que se rendeu ao sono polar.
Se perto fosse um nome, que fosse casa
onde o sol nos acordasse depois das mãos
ou depois da chuva, se fosse perto a água
e distante o exílio que matou o lume
da coluna de fogo onde eu quis arder.

Não esqueças o meu nome
Poética Edições, 2022, p. 55.

BIO

Natural de Barcelos e residente em Braga, Maria Isabel Fidalgo é licenciada em Língua e Literatura Modernas. Apaixonada pela sua profissão, o ensino, e pela dança, é autora dos poemarios Antes De Mim Um Verso, À roda da saia, Sou viagem e Não Esqueças o Meu Nome, na qual está a eleita como Melhor Poesia do Ano em Portugal. Temas como amor e paixão vivem em sua obra, entre tantos outros, e ela costuma falar para uma segunda pessoa do singular que, ocasionalmente, parece ser o mesmo leitor.

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