Wilma Vieira
E se eu fosse eu?
E se eu fosse eu?
Desprendido de minhas crenças debilitantes
E desse desejo incapacitante
Que aprisiona os meus lábios e dedos
E se fosse eu,
Não por vontade, mas por obrigação
De à diversidade estender minha mão?
E se eu fosse eu,
E florescesse como a criança que um dia fui?
Confiante!
Comprometida com ousadia
Amante dos dias
Como eu seria, se eu fosse eu?
Quem me dera,
Deixar de ser uma cópia à risca
De um original que se perdeu de vista
E talvez, nem exista
Menina de cor.
Cordel d’ prata, 2021, p. 99.
BIO
Ela tem apenas 24 anos, mas há muitos usa a poesia como ferramenta para expressar a sua visão de vida. Depois de participar em várias antologias, Wilma Vieira, cabo-verdiana e adotiva portuguesa, foi lançada em 2021 com o seu livro de poemas "Menina de Cor", livro que contém "E se eu fosse eu", poema que ganhou o prémio de Melhor Poesia do Ano em Portugal. A peça dá conta de como, na obra de Wilma Vieira, a reflexão sobre a própria vida torna-se uma reflexão sobre a vida de qualquer um e, portanto, uma visão lírica e existencial da vida de todos.