Licínia Quitério
MAMÁ fala en linguaxes de documentos predeterminados
Ao lusco-fusco, a indecisão das cores
de documentos predeterminados.
Pero eu sei que ten as mans na terra
e as unllas podres polos peixes.
A min cáenme as unllas a cachiños porque agora non hai xeito de arranxalas
e mamá prepara unha solución plástica
para quitar as cores que non son
as cores que preparei
o día antes de todo
(para ti)
e que nunca viches e chorei
e ocultei de mamá as bágoas como ela os ollos tristes.
Podemos vernos agochadas
pero debemos ser discretas como o medo.
Non colle un só descoido.
Antes,
Galaxia, 2022.
BIO
Natural de Ourense e licenciada em Jornalismo, Arancha Nogueira é uma das vozes mais representativas do que podemos chamar poesia "millenial" galega. Escreve versos próximos de uma realidade com a qual, em sua opinião, a poesia nunca deve perder contato. Tem sido publicado em várias antologias, revistas literárias e fanzines. Antese, o poemario que contém a obra vencedora do prémio de Melhor Poesia do Ano na Galiza, e a sua nona obra em solitário no domínio da poesia.