Com o ritmo da chuva

Alexandre Brea

Com o ritmo da chuva

Há algo branco e afiado no fundo do tempo.
Estou tratando de mirar detrás da tua pele
mas a cidade está repleta de ruído e luz
E o subtil torna-se invisível.

Há tempo que procuro algo branco e afiado.
Cada dia submirjo-me no mar
para escutar muitas palavras
que recita o silêncio.

Estou aprendendo
o idioma que fala o lume
quando crepita nas noites
e o ritmo da chuva
quando cai nas poças
que ela mesma emana

Há algo a vibrar na terra
que me chama de dentro
e vibra em mim desde sempre.

E na agua do mar,
E no lume, e na chuva.
E detrás da tua pele…

O livro branco.
Livros de Ontem, 2017.

BIO

Santiago de Compostela, 1994. Fillo de escritores, desde crianza foi educado para amar todas as culturas da terra e da sua propia.

Aos oito anos foi morar para o campo coa sua familia e amou a natureza. Pasou a súa infancia brincando ao pé do Pico Sacro, entre libros e inmensos campos verdes.

Unha vez finalizado o bacharelato dedicou un ano sabático a viaxar pola Europa, aprendeu por conta propria a escribir. Xa con 18 anos comezou o Grao en Física na Universidade de Santiago de Compostela que cursa na actualidade. Combina os estudos con outros intereses pessoais como a fotografía, a música, a lectura e viaxar.

Nos últimos anos participou nas obras poéticas Além do silêncio e Galiza e Moçambique numa linguagem e numa sinfonia e em numerosos recitais, así como en obras colectivas que están aínda en proceso de ser publicadas. Recentemente resultou elixido para formar parte da antoloxía lusófona Emergente.

Entrevistamos a
Alexandre Brea

“A eleição da ortografia reintegrada abre-me muitas portas nos países lusófonos”

Alexandre Brea (Santiago de Compostela, 1994) gañou o premio aRi[t]mar co poema ‘Com o ritmo da chuva’. Considera que ter um estilo “reconhecível” é algo fundamental para um artista. “Também é essencial marcar as metas que um deseja alcançar e trabalhar ativamente para chegar a elas”, engade nesta entrevista.

Que representa para ti gañar este premio?

Ganhar este premio representa para mim um forte impulso à hora de continuar a escrever. Significa poder partilhar a minha visão do mundo com um maior número de pessoas e verificar que a gente gosta dos meus textos.

No processo de escrever um livro estou completamente só e é fácil chegar a pensar que o que escrevo só tem sentido para mim. Ademais passa muito tempo até que os projetos se materializam. Por isso esta é a melhor recompensa ao trabalho feito.

Como valoras a situación actual da poesía en Galiza e en Portugal?

Penso que há muitos autores de qualidade, mas que estamos desligados da sociedade e que os nossos versos não chegam à maior parte da gente. Num mundo audiovisual continuamos a empregar os mesmos formatos de sempre e ficamos à espera de que o público se achegue a nossa obra sem mostrar-lha da maneira mais atrativa. Há muito trabalho que fazer neste sentido.

Que fortalezas atopas no uso do galego e do portugués como poeta?

A maior fortaleza vem à hora de falar da minha terra. Na minha opinião, não há melhor língua para escrever sobre um lugar que a língua desse lugar. Por outra parte a eleição da ortografia reintegrada abre-me muitas portas nos países lusófonos e deu-me a opção de resultar elegido para a antologia de novos poetas lusófonos Emergente, por pôr um exemplo.

Que lle transmitirías á xente que está a comezar na poesía?

Que tente buscar um estilo próprio e explorar caminhos novos. Ter um estilo reconhecível é algo fundamental para um artista. Também é essencial marcar as metas que um deseja alcançar e trabalhar ativamente para chegar a elas.

Que vas ofrecer na gala aRi[t]mar do 31 de outubro no Auditorio de Santiago de Compostela?

Tentarei oferecer alguns poemas inéditos e mostrar algo dum novo projeto que afunda na ideia de explorar novos formatos e procura uma atualização da poesia para que se achegue o mais possível ao público.

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