Após cerca de um mês de votação, o público da gala aRi[t]mar decidiu que o poema "Se de repente perto fosse um verbo", da poeta barcelense Maria Isabel Fidalgo se tornasse a Melhor Poesia de 2022 em Portugal. Por sua vez, "MAMÁ fala en linguaxes de documentos predeterminados", da autora ourensana Arancha Nogueira, foi escolhida a Melhor Poesia de 2022 na Galiza.

O público do aRi[t]mar resolveu premiar esses poetas com quase 4000 votos. No caso portugues, atrás da poesia de Fidalgo ficaram os poemas "Podia-te chamar Lisrio", de Fernando Machado Antunes, e "Faço uma curta viagem", de Maria Teresa Dias Furtado. Na Galiza, por trás de Nogueira seguiram-se os poemas “Se algunha cousa queren comigo”, de Lorena Conde, e “As amigas”, de Yolanda Castaño.

aRi[t]mar completa o seu pódio com duas vozes femininas diferentes que mostram diversidade de registos da atual poesia galego-portuguesa

Maria Isabel Fidalgo e Arancha Nogueira são poetas de gerações diferentes e os poemas vencedores refletem bem isso.

"Se de repente perto fosse um verbo" parece uma colecção de desejos. Desejos que brotam de uma condição que a poetisa põe na mesa com a intenção de fazer voar a sua imaginação, ou quem sabe a sua memória, até ao âmago da paixão que desperta o contacto humano.

Por outro lado, “MAMÁ fala en linguaxes de documentos predeterminados” mergulha no universo poético que a autora propõe na obra a que pertence o poema, “Antese”. Aqui a poetisa assume o papel de filha para falar da mãe e fá-lo com uma cadência mutante que vai do quotidiano ao puramente metafórico.

Assim, estas duas vozes, distantes na geração e na forma, mas que se assemelham na profunda intensidade dos seus versos, completam um pódio que partilham com as duas canções vencedoras: a dos portuenses Retimbrar e a das viguesas Fillas de Cassandra; e com a Associação José Afonso, galardoada com o Prémio Especial do Júri para a Embaixada da Amizade Galego-Lusófona.